Diário de Bordo #1 - A publicação e a reescrita



Essa é uma versão diferente do primeiro post do Diário de Bordo, publicado meses e meses atrás na versão tumblr do AP. 
O Diário de Bordo é, como o próprio nome diz, um diário onde pretendo relatar coisas que me acontecem enquanto vou tentando terminar meu primeiro livro, O Olho da Serpente. Nele estarão presentes tanto reflexões minhas quanto opiniões (obviamente também minhas) sobre o mundo literário no geral. Leia por sua conta e risco, mas sinta-se livre para debater comigo qualquer coisa que eu acabe apresentando através desses posts.

  • A publicação

Sempre quis publicar meus livros, mas de um ou dois anos pra cá comecei a me perguntar se realmente vale a pena tentar mandar meu atual projeto, O Olho da Serpente (ODS), para alguma editora se eu chegar a terminá-lo um dia. Seria uma mentira daquelas se eu dissesse que nunca sonhei com a possibilidade de um livro meu se tornar um sucesso de vendas, um fenômeno de verdade, pois o fiz e o faço o tempo todo. Acredito que praticamente todo escritor devaneie um pouco sobre isso, pelo menos de vez em quando, mas depois de acumular 350 páginas do que seria a primeira parte de ODS em uma de suas versões, me peguei pensando na loucura que estava fazendo. Sim, ODS terá apenas duas partes e a primeira terá vários momentos cortados nessa nova reescrita que estou fazendo, mas para mim não há dúvida alguma de que meu primeiro livro será um tijolo. Talvez não o maior tijolo do mercado, mas um tijolo de qualquer maneira.

É por essas e outras que por muito tempo gostei de fingir que meu único problema era terminar o livro. Obviamente, as coisas não são tão fáceis assim. Quase pensei que seriam quando soube do lançamento da Fantasy - Casa da Palavra, já que meu livro é de fantasia, mas a maior parte dos autores de lá são personalidades da internet, donos de podcasts e blogs e sim, eu também sou dona de um blog, mas um blog minúsculo que permanecerá minúsculo para sempre, ao que tudo indica. Até entendo a linha de raciocínio da editora (não há como negar que é bem mais seguro arriscar um autor nacional quando ele já é conhecido na internet do que lançar um zé ninguém), mas não posso deixar de me sentir jogada ao limbo mais uma vez. A Fantasy até teve um concurso esses dias para decidir o novo livro do selo, uma rara oportunidade para  que alguém que não seja necessariamente famoso na internet tenha sua chance, mas infelizmente meu livro não está terminado e, mesmo se estivesse, não tenho muita certeza de que avançaria na competição.

Nos últimos tempos, portanto, venho considerando mais e mais essa ideia de terminar por terminar e não focar tanto no mercado editorial, já que provavelmente estou fadada ao fracasso. Há sempre a publicação independente, e meu pai até já disse que banca, mas banca como e por quanto tempo? Não quero que meu livro que custou sangue, lágrimas e suor (!!!) vá parar no limbo de livros nacionais lançados com capas horrendas que não estiveram em uma livraria nunquinha na vida e são divulgados em blogs com layouts tensos. Se a alternativa for essa, prefiro continuar no anonimato pelo resto da vida, e continuo feliz. E, é claro, preferia não dar mais esse fardo a alguém da minha família.

Então fica a pergunta: é melhor realmente terminar por terminar, para satisfação própria, ou eu deveria continuar considerando as editoras? E que editora em sã consciência lançaria um livro grande, provavelmente com umas 500 páginas ou mais, de uma escritora jovem e desconhecida? Pois é. Provavelmente nenhuma.

  • A reescrita

É claro que toda essa discussão é meio inútil se eu não conseguir terminar o livro. E acredite, venho tentando há muito tempo. Acho que comecei a ter ideias com a história que viria a originar ODS quando tinha uns 10/11 anos, mas na época eu pensava coisas do tipo “ah, essa ideia é mais séria, deixa pra quando eu for mais velha”. Mas aí na sexta série, com doze anos, descobri que minha colega escrevia e fiquei tão feliz que comecei a escrever também porque, Jesus, outra escritora! Até que enfim!

A menina terminou o livro dela em alguns meses. Eu continuo aqui, seis anos depois, ainda no capítulo quatro.

Não há dúvida alguma de que a culpa é exclusivamente minha. Sou meio paranoica para reescrever, tanto que já estou na sétima versão da história sem sequer ter terminado nenhuma delas. Some-se a isso o fato de eu ser movida a comentários de leitores e a infelicidade de eles não serem mais tão presentes e pronto, o resultado sou eu nunca escrevendo quando tenho tempo para isso. Mas, mesmo assim, não consigo deixar de pensar que essas reescritas todas ajudaram muito. Quando me lembro da primeira versão, escrita quando eu tinha uns doze anos, não consigo me impedir de suspirar penosamente. A coisa era sofrível. Não apenas falando da qualidade da escrita, mas sim da própria construção da história. ODS amadureceu muito, muito mesmo, e provavelmente ainda vai amadurecer mais.

Mas estou determinada a terminar ODS pela primeira vez agora. Mesmo que eu acabe reescrevendo ou "polindo" o livro depois, quero terminar. Acho que isso já chegou a ser uma espécie de desafio para mim. Sim, chegar ao último capítulo da história que venho escrevendo e reescrevendo há seis anos deixou apenas de ser o curso natural de todo escritor. Colocar o ponto final em O Olho da Serpente fecharia um ciclo na minha vida, já que estou mergulhada no enredo desse quase-livro desde antes de entrar na adolescência, e agora que estou saindo dela, me vejo mais e mais impaciente para fechar esse capítulo. ODS "quase" existiu por tempo demais. Quero que a história exista de verdade o mais rápido possível.

Resta-me então algo bem óbvio para se fazer: escrever. Mas reescrever a essa altura do campeonato não é tão fácil assim. Para ser sincera, falta coragem. Estou passando mais uma vez pelos capítulos que já escrevi umas cinco ou seis vezes. Quero chegar logo na parte em que ainda não escrevi, onde terei muito mais liberdade, mas até lá tenho uns vinte capítulos para colocar no papel (ou no Word). E isso, sinceramente, desanima.

Mas a vida não é fácil e reescrever é preciso. Esse ano acabei quase sem férias por causa da Copa, que acabou com o calendário da minha faculdade. Acharei tempo para escrever, porém. Pretendo terminar pelo menos a primeira parte de ODS antes do fim do ano. Desejem-me sorte.

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