Resenha: Divergente

Divergente é o primeiro volume da série distópica escrita por Veronica Roth, que já possui os seus dois últimos livros, Insurgente e Convergente, publicados aqui no Brasil.

Eu soube da existência de Divergente no Tumblr, há mais de dois anos atrás, por meio de graphics que algumas pessoas faziam sobre a série antes mesmo do anúncio do filme. As edições pareciam tão legais que minha vontade de ler o livro só fez aumentar por meses, mas por preguiça de pegá-lo em inglês, eu vivia adiando a leitura. Quando soube que seria lançado aqui, fiquei contente, e, ansiosa, comprei o livro em português o mais rápido possível.

Distopia é um gênero novo pra mim. Os únicos livros assim que li foram Feios, Jogos Vorazes e Maze Runner (que não é exatamente uma distopia, porém), mas confesso que gosto bastante desse tipo de história. Infelizmente, nem Feios e nem Jogos Vorazes me agradou muito, apesar de serem histórias teoricamente muito boas, e eu tinha medo que o mesmo acontecesse com Divergente. Devo dizer que meus temores tinham fundamento, infelizmente.

Divergente se passa em uma Chicago futurista, onde a sociedade se organiza por meio de cinco facções: Abnegação, Erudição, Amizade, Franqueza e Audácia. Todos os jovens, ao completarem dezesseis anos, podem escolher uma das cinco, que será a do resto de sua vida; ou eles escolhem ficar na que nasceram (e, portanto, a de seus pais e familiares) ou seguem para a que acham que faz mais o seu tipo. Porém, ao escolher sua nova facção, precisam passar por um teste de admissão cuja punição por falhar é se tornar um sem-facção, a escória dessa sociedade futurista. Muitos nessa sociedade consideram a morte algo melhor do que se tornar um sem-facção.

Numa Chicago futurista, a sociedade se divide em cinco facções – Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e Erudição – e não pertencer a nenhuma facção é como ser invisível. Beatrice cresceu na Abnegação, mas o teste de aptidão por que passam todos os jovens aos 16 anos, numa grande cerimônia de iniciação que determina a que grupo querem se unir para passar o resto de suas vidas, revela que ela é, na verdade, uma divergente, não respondendo às simulações conforme o previsto.A jovem deve então decidir entre ficar com sua família ou ser quem ela realmente é.E acaba fazendo uma escolha que surpreende a todos, inclusive a ela mesma, e que terá desdobramentos sobre sua vida, seu coração e até mesmo sobre a sociedade supostamente ideal em que vive. 
A protagonista se chama Beatrice. Ela é da Abnegação, mas seu aniversário de dezesseis anos está chegando e ela passará pela cerimônia de escolha em breve, assim como seu irmão. O início do livro se resume ao seu dilema quanto a permanecer na Abnegação com seus pais ou ir para outra facção, uma com que ela se identifique mais. No entanto, antes de escolherem de fato para qual querem seguir, os jovens fazem uma espécie de teste em um simulador de realidade. Ao final dele, a pessoa recebe como resultado a facção que mais se assemelha a ela, mas pode decidir não segui-lo se quiser. É só aí que a trama do livro começa mesmo a se desenrolar.

Beatrice é classificada como Divergente.

E ela não faz a mínima ideia do que é isso (e ninguém parece estar muito disposto a lhe contar). Tudo o que ela sabe é que ninguém deve saber que ela é uma Divergente e ponto final.

Não vou dizer para que facção a Beatrice (que, aliás,  muda seu nome para Tris) escolhe ir. Basta dizer que boa parte do livro é sobre o teste que ela tem que enfrentar para se tornar um membro dessa facção e os desafios que aparecem durante o decorrer deste.

Mas é aí que o livro começa a ficar morno.

Não, não é porque nada acontece e sim porque várias coisas ocorrem sem nexo ou se mostram muito forçadas. Pessoas pulam de um trem em movimento e morrem estateladas no chão, mas ninguém se importa, simplesmente porque pular de trens em movimento é um teste para ver se você é audacioso o suficiente. Novatos em treinamento são colocados em lutas do maior estilo “isso é uma sessão de tortura”, mas mesmo assim todos acham legal, porque, mais uma vez, é para ver se são corajosos mesmo. Instrutores colocam esses tais novatos pendurados contra uma correnteza perigosa, onde eles correm perigo de vida, mas todos continuam a não dizer nada, já que esse é o jeito da facção e fim.

Ah, gente, fala sério.

A verdade? Ficou parecendo algo no estilo “isso tem que ser foda, então vamos chocar os leitores com mortes sem sentido e treinamentos que mais parecem campos de concentração”. Ou seja, forçado. Os personagens também não me cativaram. São mornos e sem graças, do tipo que você engole sem reclamar, porque não tem gosto mesmo.

A Tris é uma protagonista melhor do que a maioria, pelo menos, mas não é tão boa assim também não. Com toda a certeza ela é mais durona (?) e determinada, mas não conseguiu me convencer de jeito nenhum. O romance entre ela e um dos instrutores, o Quatro é bem sem gracinha também. Eles se apaixonaram e eu fiquei tipo, “quando foi que isso ocorreu mesmo que não lembro, hein?” 

Falando da escrita, eu não sei se posso mesmo culpar a história ou os personagens por parecerem sem graça. Tanto Jogos Vorazes quanto Divergente não conseguiram me comover em momento algum; não houve uma cena em que eu fiquei morrendo para saber o que aconteceria ou sofrendo pelo que estava ocorrendo com os personagens. No entanto, eu quase me transformei em uma cachoeira assistindo a uma certa cena do filme de Jogos Vorazes. Andei pensando sobre isso e acho que pode ser algum bloqueio meu com histórias escritas no presente. Bem, eu ACHO que é isso (mesmo que eu já tenha lido outro livro com verbos no presente, também uma distopia, com uma trama bem menos complexa e gostado bastante, o que me surpreendeu além da conta).

Enfim, na minha opinião, ambos os livros ficariam melhor em terceira pessoa e com verbos no passado, mas isso é mais preferência minha do que "medição" de qualidade. No mais, a escrita em si é boa sim.

Ouvi vários comentários do estilo “a Tris é fria” e não sei se concordo… Ela com certeza não é Maria Drama, mas acho que a fria ela não chega. Tem momentos muito sem noção quanto a essa suposta frieza, no entanto, como por exemplo quando duas pessoas muito importantes para ela morrem e a menina fica triste por dois parágrafos e depois volta ao normal.

E não eram apenas colegas, conhecidos ou sei lá. Eram o tipo de pessoa que geralmente você entra em depressão se perder. Fiquei com a impressão de que a autora quis eliminar esses personagens o mais rápido possível para poder continuar com a trama sem ter que se preocupar com eles, e isso me deixou meio frustrada também.

Vários mistérios não são respondidos. O final é legal, mas nada extraordinário. Talvez, se um dia a preguiça me largar, eu leia Insurgente, o segundo volume, porque, apesar de tudo, a história tem algo (que poderia ser) legal sim.  


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